Mas "[São Paulo] Meu coração e você são um novelo de lã, são viadutos vazios, são três horas da manhã", dos versos da canção "Bom dia São Paulo", do saudoso Zé Rodrix e Tico Terpins, gravada pelo Joelho de Porco, são tão poéticos quanto a canção de Caetano Veloso.
No samba, na bossa, na fossa, na velha e nova MPB não faltaram homenagens. Inclusive de nossos vizinhos, como Jorginho do Império (Serrano), que gravou, em 1976, "Eu canto São Paulo":
"São Paulo, das noites de frio,
No Rio, sinto mais calor,
O Rio, me inspira em poesia,
São Paulo, me inspira em amor!"
E "Dobrado de amor a São Paulo", o poetinha Vinícius de Moraes também deixou a sua contribuição, lembrando que, "se o frio aperta, abraço mais o meu amor". Tom, "Te amo São Paulo" - embora, inegavelmente, não seja uma de suas letras mais encantadoras. Pois é.
Demônios da Garoa cantou "Isto é São Paulo"; Billy Blanco deu "Viva ao Camelô", cantou a "Rua Augusta", a "Capital do Tempo". Adoniram Barboza compôs "Praça da Sé" e "Um samba no Bixiga", Eduardo Gudin e Costa Netto, "Paulista", Itamar Assumpção, "Venha até São Paulo".
A surpresa, contudo, está na absoluta ausência de arquivos de áudio e vídeo.
Se nossa auto-estima amarga, por certo, parte disso se deve a pouca importância atribuída à nossa memória, história e cultura - particularidades tais muito presentes não apenas no Rio, mas no Recife, em Belém, em Porto Alegre.
Depois de muita pesquisa, encontrei uma raridade: em 1968, Tom Zé recebeu o prêmio especial do júri, no festival de música da TV Record, com "São São Paulo" - ou "São Paulo, meu amor".
Somos ao menos três milhões a mais que nos fins daquela década, que ainda carrega São Paulo no peito, apesar de todos os seus defeitos.
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